É criada a Rede Mulheres MetaRed TIC Brasil

Cristina Ares Elisei - 1

 

MetaRed TIC Brasil se une à Argentina, América Central e Caribe, México e Peru e cria a Rede Mulheres nas TIC, coordenada por Cristina Ares Elisei

 O objetivo desta rede é promover a participação das mulheres no campo das TICs nas Instituições de Ensino Superior brasileiras e capacitá-las através da capacitação, da disseminação de seus talentos, habilidades e experiências como elementos de alto valor para o desenvolvimento do conhecimento e da sociedade em geral. 

Hoje conhecemos a Coordenadora, Cristina Ares Elisei, e ela responde algumas perguntas sobre a Rede de Mulheres TIC da MetaRed Brasil 

Sobre Cristina

Possuo doutorado na área de Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP Guaratinguetá. Desenvolvi pesquisas na área de Engenharia de Materiais Metálicos, com ênfase em caracterização microestrutural através de microscopia óptica; eletrônica de varredura e de força atômica; e em estudo de propriedades mecânicas em aços microligados com estruturas multifásicas e bifásicas. Tendo encaminhado minha carreira para área acadêmica, ingressei como docente da FATEC Pindamonhangaba – Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CPS), por meio de concurso público em 2007. Além de ministrar aulas, fui orientadora de Trabalhos de Conclusão de Curso, Iniciação Científica com bolsa FAPESP, CNPq e bolsas próprias do CPS. Orientei Monografias de Curso de Extensão e Especialização, além de coorientar alunos de Mestrado. Fiz parte de banca avaliadora em todas as categorias de formação e de Concursos Públicos. Fui Diretora da Fatec Pindamonhangaba por 14 anos. Atuando junto à Coordenadoria de Ensino Superior – Cesu, como Gestora Pedagógica/ Educacional da Regional do Vale do Paraíba e Litoral Norte, onde estão situadas 8 Faculdades de Tecnologia - Fatecs. Participo do Grupo MetaRed Brasil no GT de Tecnologias Educativas desde 2019. E em 2023 fui convidada a Coordenador o Grupo de Mulheres nas TIC no Brasil.

Entrevista

Da Rede de Mulheres TI foi recentemente criada. Porque pensa que este tipo de iniciativa é importante nas Instituições de Ensino Superior Ibero-Americanas?  

Essas iniciativas visam a equidade de gênero que não está ligada apenas às TICs, mas em todos os campos, vejamos alguns dados, nos cargos de gestão a nível sênior a participação feminina é de 30% — e de 38% nos níveis "médios" de gestão. A taxa de mulheres no nível de entrada é de 50%, e elas representam 43% de todos os colaboradores nas empresas analisadas, segundo o Índice de Igualdade de Gênero 2023 da Bloomberg. Segundo senso da educação superior, Inep de 2021 apenas 14,8% de mulheres concluíram o Curso de Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação, enquanto 85,2% dos homens concluíram o mesmo curso.

Abordando o tema das desigualdades de gênero na educação e nas ciências, o relatório The pursuit of gender equality: an uphill battle, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 2017, aponta a sub-representação das mulheres nas denominadas “áreas STEM”. Segundo o estudo, elas são menos de 20% dos ingressantes nessas áreas no ensino superior nos países membros da organização. Esse fato, além de constituir uma importante questão na promoção de equidade de gênero e de direitos humanos, trata-se de um problema econômico, na medida em que a falta de oportunidades equânimes a todos os potenciais cientistas impede parte considerável da população – as mulheres – de exercer suas capacidades de forma plena e de contribuir com o desenvolvimento dos países (OCDE, 2017).

Cabe também destacar que à desigualdade de gênero soma-se a racial/étnica e a socioeconômica. Os estudos de Luzinete Minella (2013) e de Fúlvia Rosemberg e Leandro Andrade (2008) apontam que as mulheres negras e indígenas, em especial as oriundas de classes sociais de baixa renda, são ainda mais segregadas e excluídas em várias dimensões da sociedade, incluindo na educação e nas ciências. De uma população de 213 milhões de habitantes, 52% são mulheres e 54% da população é negra, portanto, há um problema a ser vencido, que é mostrar que o que chamamos de minorias na verdade são maiorias.

Quais são os objetivos da Rede de Mulheres TIC?  

O Objetivo geral do Grupo é promover a participação das mulheres no campo das TIC nas Instituições de Ensino Superior Ibero-americanas, por meio da formação, colaboração e divulgação de seu talento, suas habilidades e suas experiências como elementos de alto valor para o desenvolvimento do conhecimento e da sociedade em geral, tornando visível o seu papel no fortalecimento das Instituições de Ensino Superior.

Pode falar-nos de quaisquer projetos ou iniciativas que a Rede tenha a médio prazo?  

Nossa proposta é desenvolver ações e projetos, com o objetivo de estimular o acesso de jovens mulheres às áreas científicas. Tais projetos buscam levar conhecimentos das áreas científicas para as jovens e divulgar o papel das mulheres nas ciências e tecnologia. Faremos também uma pesquisa para conhecer onde estão as mulheres no mercado de trabalho. A Universia é grande parceira e já estamos alinhando projetos em conjunto para elevar a formação das mulheres no Brasil!!

Como encorajaria a participação ativa na Rede de Mulheres TIC da MetaRed Brasil? 

A mudança que eu quero no mundo começa com a minha contribuição!!